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Surto de gripe leva o comércio a trabalhar com metade das equipes

Supermercados estão realocando funcionários para não deixar faltar produtos nas gôndolas e divulgando a necessidade de seguir os protocolos para evitar a Covid-19 e a Influenza

O surto de Covid-19, por meio da variante Omicron, e de Influenza A (subtipo H3N2) mudou o dia-a-dia do comércio nestes primeiros dias de janeiro.

Além de enfrentar a queda de clientes nas lojas, os comerciantes estão tendo de administrar a falta de funcionários que contraíram uma ou até as duas doenças ao mesmo tempo.

“O impacto maior é em relação ao abastecimento de lojas e serviços”, diz Leandro de Oliveira Silva, gerente de inteligência de mercado da rede de supermercados São Vicente, com 20 lojas.

Do quadro de 20 açougueiros do São Vicente, que opera no interior de São Paulo, 11 estão afastados. Dos cinco colaboradores do setor de prevenção de perdas, quatro estão em casa.

“Neste momento, há lojas com redução de 10% a 15% no quadro de funcionários. O apoio no aspecto emocional tem sido muito importante agora”, diz ele.

Com 108 lojas e 2 mil empregados, a rede Hirota registrava, na semana passada, 90 funcionários afastados por conta de Covid-19 e Influenza.

Este número é recorde na rede. Durante a pandemia, o número máximo de colaboradores em casa por conta de gripe foi 65, em novembro do ano passado.

“Estamos realocando funcionários e fazendo ginástica para tocar o dia-a-dia. O bom é que todos os funcionários estão vacinados”, diz Hélio Freddi Filho, diretor da empresa.

Apesar do surto e também das chuvas na primeira quinzena do mês, a rede está atingindo a meta de vendas para janeiro. O tíquete médio das lojas está até maior, de R$ 68.

Em novembro, de acordo com Freddi Filho, era de R$ 65. “Muitos clientes não viajaram e decidiram gastar mais em supermercados. Essa pode ser uma explicação”, diz.

Para enfrentar esta fase com tantos funcionários afastados, as empresas estão reforçando o tempo todo os protocolos para evitar a contaminação das doenças.

“Estamos recomendando a vacina, dando mais treinamento e ressaltando os benefícios dos cuidados com a saúde, como o uso de máscaras, álcool em gel e o distanciamento social”, diz.

Dos seis funcionários que trabalham no departamento financeiro da rede MOB, seis estão em casa. Metade dos funcionários das 36 lojas, das quais 9 são franquias, está em casa.

“Mais um desafio para os lojistas neste início de ano: montar as equipes nas lojas com empregados tendo de ficar em casa”, afirma Ângelo Campos, sócio da MOB.

De acordo com ele, os consumidores também estão preocupados. Neste mês de liquidações, as vendas da rede estão 40% menores do que as de janeiro de 2019.

De fato, o fluxo de pessoas voltou a diminuir neste início de ano no país, de acordo com levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

Na primeira semana deste mês, a circulação de pessoas em áreas comerciais caiu 7,1% em relação à semana encerrada no dia 23 de dezembro.

Comparando essas mesmas duas semanas um ano atrás, a queda foi de 6,3%.

Geralmente, o fluxo de pessoas nas ruas cai em janeiro em relação à semana antes do Natal. “Mas, neste ano, a queda foi maior, podendo estar associada, sim, ao surto da variante Omicron”, afirma Fábio Bentes, economista da CNC.

Nas áreas comerciais onde estão farmácias e supermercados, a queda no fluxo de pessoas foi de 10,9% na primeira semana deste mês em relação à semana antes do Natal de 2021.

Um ano antes, a queda foi de 8,9%.

Nas áreas onde estão localizados os escritórios, houve aumento de 7,5% no fluxo de pessoas na mesma base de comparação. Um ano antes o aumento foi de 12,9%.

“O que já era para cair, caiu mais, e o que já era para aumentar, aumentou menos. As gripes são mais um problema para os lojistas administrarem, além de inflação e crédito mais caro.”

O que se vê nesta primeira quinzena de janeiro, de acordo com Bentes, é um flash back da primeira e da segunda onda da Covid-19, só que com mortalidade menor.

O momento, diz ele, é de os lojistas reforçarem novamente as vendas em canais on-line, já que os consumidores voltaram a ter medo de sair de casa.

“Este é um ano de muitas incertezas. Tem gente achando que o desempenho da economia vai depender do desdobramento da crise sanitária.”